Da próxima vez que você for jogar uma garrafa de vidro fora, no lixo comum, pare e pense que aquele produto permanecerá por tempo indefinido na natureza. Mas que uma ação simples pode dar um novo rumo e colocá-lo de volta em circulação. Estamos falando da reciclagem e reuso do vidro – um material não biodegradável, 100% reciclável e que pode ser utilizado infinitamente, sem perda de qualidade ou da pureza do produto.
Feito basicamente de areia, calcário, barrilha, alumina e corantes ou descorantes, o vidro é um produto natural vastamente aplicado em nosso dia a dia devido a propriedades como transparência, dureza, impermeabilidade, baixa condutividade térmica e durabilidade. Além disso, o vidro não reage quimicamente com outras substâncias, o que lhe permite ser usado para armazenar alimentos sem que eles sofram alteração de sabor, odor, cor ou qualidade.
Além dessas, outra vantagem torna o material bem atrativo: pode voltar à produção de novas embalagens e produtos, substituindo totalmente o material virgem sem perda alguma de qualidade. Dessa forma, um quilo de vidro pode produzir outro um quilo de vidro, com perda zero e sem poluição para o meio ambiente.
A cada 10% de caco de vidro utilizado na mistura, economiza-se 4% da energia necessária para a fusão nos fornos industriais e reduz 9,5% do consumo de água. Por isso a importância de separar garrafas, frasco e potes em geral, como cosméticos, alimentos, bebidas e outros produtos, e depositá-los nos coletores específicos para vidro (identificados com a cor verde), de preferência, separá-los de acordo com a cor: incolor, verde e marrom/âmbar.
Já produtos como cristais, espelhos, lâmpadas e vidro plano usado nos automóveis e na construção civil não devem ser misturados com o vidro comum, já que possuem composição química diferente e podem causar trincas e defeitos nas futuras embalagens. Frascos de remédios só podem ser reciclados se coletados separadamente e se estiverem descontaminados.
Reciclagem
Fique a atento na hora de separar os vidros. Lembrando que é sempre importante lavar as garrafas e potes antes de descartar nos coletores.
Para entender o processo de reciclagem, é importante compreender como é feito o vidro. A sílica, matéria-prima essencial na sua fabricação, é extraída de leitos de rios e pedreiras e lavada a fim de eliminar as substâncias argilosas e orgânicas. Depois, o material é posto em grandes panelas refratárias para ser fundido a 1.300°C. Por fim, já no estado líquido, o material é resfriado e moldado de acordo com sua utilidade.
Depois do uso, porém, o vidro pode ser reutilizado ou reciclado indefinidamente. A reutilização é mais simples e preferível, já que evita que novas matérias-primas, água e energia sejam consumidas para fabricar outros produtos. Muitos países estimulam a prática entre seus habitantes e chegam a retornar quase 100% de suas garrafas. É o caso da Dinamarca, que reutiliza 98% de suas garrafas de vidro.
Já no caso da reciclagem, os recipientes de vidro precisam ser separados, quebrados e estocados em tambores, onde são submetidos a um eletroímã para separação dos metais contaminantes. Depois, esse material é lavado e segue para uma esteira ou mesa destinada à catação de impurezas, como restos de metais, pedras, plásticos e vidros indesejáveis que não tenham sido retidos nas etapas anteriores.
Essa matéria-prima segue então para um triturador onde o vidro é transformado em cacos homogêneos e encaminhado para uma esteira vibratória. Lá, um segundo eletroímã separa os metais que ainda estiverem presentes na mistura e o vidro segue para ser armazenado em silo ou tambores para abastecimento da vidraria.
Esse material final poderá ser aquecido em altas temperaturas, fundido e remodelado na produção de novas embalagens e recipientes, além de poder ser aplicado na composição de asfalto e pavimentação de estradas, construção de sistemas de drenagem contra enchentes, produção de espuma e fibra de vidro, bijuterias e tintas reflexivas.
Mercado
No Brasil, o vidro corresponde a 3% dos resíduos urbanos e representa cerca de 14% dos materiais selecionados por catadores. A taxa de reciclagem no país é de 47%, o que corresponde a cerca de 470 mil ton/ano. Segundo a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (ABIVIDRO), os segmentos vidreiros investiram mais de R$ 340 milhões em 2008, gerando um faturamento de mais de R$ 4 bilhões.
Diversos fatores influenciam no preço de venda e compra dos vidros. O tipo, o local e até a condição do material influencia na variação cambial. Dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) apontam que os preços variam entre R$ 30 a R$ 200 por tonelada, a depender do estado, se o vidro for prensado, limpos, inteiro ou unitário.
Fonte: Portal EcoDesenvolvimento
http://www.ecodesenvolvimento.org
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