sábado, 25 de setembro de 2010

O massacre dos golfinhos

Assista o documentário The Cove, vencedor do Oscar de 2010, que conta a história de uma enseada na cidade de Taiji, no Japão, onde todo mês de setembro se dá o maior massacre de golfinhos do mundo. A matança ultra-secreta foi revelada pelos documentaristas e pelo diretor Luc Besson depois de uma operação totalmente ilegal naquele país, quase uma guerrilha high-tech.














O filme é bárbaro,  empolga ver até onde as pessoas vão para revelar uma história.

O  argumento de que, em se tratando de biodiversidade, os bichos mais fofinhos são sempre os mais favorecidos. É uma pedra no sapato dos ativistas pela preservação dos tubarões, por exemplo. Golfinhos pode ser cafona de tão cult . Mas há alguma coisa poderosa na relação que se estabelece com espécies tão inteligentes, e os golfinhos são considerados os mais próximos dos seres humanos nesse quesito.

O movimento “salvem as baleias” está entre os mais icônicos da história do ambientalismo. O turning point foi quando o canto desses animais ficou conhecido e daí se descobriu uma forma de comunicação, ou seja, de inteligência, de senso de comunidade e autoconsciência. São esses elementos, que nos acostumamos a entender apenas como humanos, que fazem com que o argumento da extinção nem seja o mais importante. Lá nos confins dos gens que dão origem à ética, dá simplesmente para sentir que matar esses animais é errado. É como matar gente. É visceral.

Outra coisa que nunca consegui entender é como um animal mundialmente protegido desde 1986 pode continuar sendo abatido sob a justificativa de “pesquisa científica”. O mundo inteiro sabe que isso é uma mentira deslavada. Como é que a Comissão Baleeira Internacional engole a ladainha japonesa de que são baleias e golfinhos (e não a sobrepesca) que estão esgotando os peixes do cardápio humano? E como é que golfinhos até hoje não gozam da mesma proteção, ainda que capenga, conferida às baleias?

"Siga o dinheiro" é a resposta. O governo do Japão compra o voto de países miseráveis africanos e insulares, muitos dos quais não têm nenhuma relação comercial ou cultural com cetáceos. Seus representantes ganham trocados de propina e apoio para infra-estrutura de pesca e assim se consegue reproduzir a oposição “pobres contra ricos”, difícil de contornar.

 Delegados de países pobres africanos e pequenas ilhas recebem ajuda financeira, verba para reuniões da comissão e garotas de programa tudo pago pelo governo japones.

 The Cove ainda não esta disponível no Brasil, mas você  pode baixar no Itunes por um preço razoável. Vale a pena.


adaptado do original de Carolina Derivi.
 

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