Nunca deixei de expor nas colunas em Terra Magazine, e agora no blog, inconformidade com os rumos que tomou a discussão do Código Florestal.
Na semana passada, após ouvir rumores de que a coisa estava para ser aprovada, a presidente Dilma Rousseff enviou bilhetes a alguns ministros querendo saber o que ela tinha acertado no Congresso sem o saber.
Sendo assim, e com as folhas e telas cotidianas preocupadas com o mensalão e as próximas eleições, não duvido que as novas leis ambientais cheguem à frente do Dia da Pátria. Até porque a MP 571 caduca em 8 de outubro.
Não custa repetir: para produzir mais alimentos não há necessidade de abrandar as exigências de preservação. Ao contrário.
Há terras agricultáveis e tecnologias suficientes para fazer crescer a produção sem perverter águas, encostas de morros e vegetação nativa. As pequenas propriedades já estão contempladas como exceções.
Não bastasse isso, pesquisas indicam que 35% da produção agrícola brasileira são jogados fora, entre perdas e desperdícios vários. Os principais: colheita, armazenagem e transporte.
Também a mesa do brasileiro é um escoadouro inútil de alimentos. Segundo a Embrapa, o consumo anual de vegetais por habitante é igual ao que se joga fora.
Qualquer redução aí representaria mais alimentos, preços mais baratos, exportações maiores, menos gastos do governo.
Por acaso, o senhor ou a senhora na plateia já viu a bancada ruralista discutir esse assunto no Congresso? Propor medidas?
Penso que não. Mais fácil ampliar o desmatamento e os preços das terras.
Há, no entanto, uma boa notícia. Órgãos governamentais e universidades estaduais e federais criaram grupos de pesquisa para mensurar e propor correção para essas perdas.
Os Observatórios Socioambientais em Segurança Alimentar e Nutricional.
Estudos revelam que quebras de produção e desperdícios no consumo representam 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Reduzi-los interessa a todos.
Os Observatórios estão em fase inicial. Dispensam lobbies, relatores, comissões mistas, quentes ou frias. Precisam de muito apoio, incentivo e divulgação.
Esperando, então, o quê, senhores e senhoras congressistas, confederados da agropecuária, folhas e telas cotidianas?
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