SÁB, 02 DE JULHO DE 2011 08:34
Recente pesquisa de opinião pública realizada em âmbito nacional pelo Instituto Datafolha revelou que a população brasileira é majoritariamente favorável à defesa das florestas e dos rios.
A iniciativa partiu das ONGs Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), Instituto Socioambiental (ISA), SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil.
A pesquisa é oportuna, especialmente quando o Congresso Nacional aprovou a reforma do Código Florestal com o voto favorável de 411 dos 515 deputados, ou seja, 79% dos seus integrantes.
Os entrevistados foram indagados sobre o ponto mais polêmico da proposta de reforma do atual código. Deveriam optar entre “priorizar a proteção das florestas e rios mesmo que, em alguns casos, isso prejudique a produção agropecuária” ou “priorizar a produção agropecuária mesmo que, em alguns casos, isso prejudique a proteção das florestas e rios”.
O resultado surpreende ao ser comparado com o teor do discurso dos deputados, ou seja, a defesa dos pequenos produtores rurais e o futuro da produção de alimentos: 85% manifestaram-se favoráveis a proteção das florestas quando houver uma contradição insanável com a produção agropecuária.
Apenas 10% optaram pela produção agropecuária e 5% não souberam responder.
Esse deveria ser o fundamento da discussão do substitutivo do Código Florestal se o conjunto da população estivesse amplamente envolvido.
Portanto, a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que, segundo a pesquisa, confronta com a vontade de 85% dos brasileiros.
O “novo” Código Florestal reduziu-se à condição de um regramento agropecuário, pelo qual anistia qualquer desmatamento ocorrido antes de 2008, mesmo que ilegal. Permite ainda que o desmatador ao se inscrever em um Programa de Regularização poderá legalizar, por assim dizer, o ilegal.
Em praticamente todos os itens pesquisados o voto dos parlamentares contrapõe a opinião pública quanto ao posicionamento em relação às florestas e rios.
Isso poderia ser interpretado como “falta de sintonia” entre os eleitores e os eleitos.
Poderia, também, indicar que a população estava mal informada sobre a reforma do Código Florestal resultando em uma pesquisa equivocada, conforme algumas declarações dos deputados da frente ruralista.
Entretanto, o Datafolha identificou que 62% dos entrevistados sabiam da votação e assim como os outros 38%, se pronunciaram pela primazia na proteção das florestas e rios.
A constatação é que a reforma do código, se orientada pela vontade da maioria dos brasileiros, deveria levar em consideração que a supressão de florestas deve ser encarada como exceção e não regra facilitada como pretendeu o projeto de lei aprovado pela maioria dos parlamentares.
O entendimento seria facilitado se fosse considerado para a proteção das florestas e rios alguns mecanismos para pagamento por serviços ambientais, compensando proprietários que cumpriram a lei conservando as florestas em suas propriedades.
Outro ponto a ser considerado é que 77% dos entrevistados são de opinião que a comunidade científica deveria participar das discussões, independentemente da pressa em aprovar as mudanças.
Somente 20% foram contrários, achando que essas mudanças deveriam ser aprovadas imediatamente e sem ouvir a comunidade científica já que a questão das multas é urgente.
A primazia a favor das florestas e rios não pode ser interpretada como posição contrária aos produtores rurais. A população tem consciência de que são eles que produzem a maior parte dos alimentos que consomem. Mas sabem também que o País tem extensão territorial suficiente para produzi-los e entende que o patrimônio natural precisa ser conservado para a continuidade da própria atividade agropecuária.
A amostra considerou a área rural e a urbana em diferentes regiões, faixas etárias, gênero e classes sociais ou grau de escolaridade.
Aponta claramente que 84% dos brasileiros não votariam em deputados que são a favor de isenções de multas e punições para quem desmatou ilegalmente. Isso pode significar que a maioria deles votou desconsiderando o desejo da maioria dos seus próprios representados.
A discussão do Código Florestal é polêmica. As pesquisas de opinião, também. Principalmente quando apresentam resultados desfavoráveis a determinados propósitos. Frequentemente é alegado que foram “encomendadas” ou “manipuladas” ou “mal elaboradas”. Mesmo assim, no processo político eleitoral continuam amplamente utilizadas e divulgadas.
Como exemplo a manifestação do deputado Valdir Colatto (PMDB/SC), um dos lideres da bancada ruralista na Câmara ao julgar que a população estava mal informada ou que a pesquisa foi dirigida. No seu dizer, “a gente está tentando resolver um problema seríssimo no país, e a opinião pública acha que estamos cometendo um crime, quando na verdade estamos salvando o País”. Questão de ponto de vista.
A pesquisa do Datafolha, infelizmente, foi minimamente divulgada na imprensa, exceção feita a algumas notícias e comentários em sites e blogs na internet.
O fato é que a reforma do Código Florestal ainda não está resolvida. Será submetida ao Senado e depois à sanção da Presidência da Republica.
A expectativa é que na continuidade do processo a vontade da população, seja democraticamente levada em consideração.
fonte:http://correiodolitoral.com/index.php?option=com_content&view=article&id=5982&catid=105&Itemid=148
Os agricultores e algumas pessoas precisam ver que ninguém é contra o desenvolvimento do setor agropecúario e do país, porém não podemos é destruir nossas florestas para alimentar a CHINA que quer comprar commodities a preço de banana,não está preocupada com o meio ambiente, é só ver o céu de algumas cidades por lá, totalmente poluído quase não s vê o sol, o ar é pesado. A EMBRAPA detém técnicas de multicultura sem a necessidade de desmate das APPs e ou construção nas encostas e plantio a beira dos rios,lagos sabendo que deteriorando as margens irá poluí-las , bem como a morte de animais silvestres e outros. É preciso que aqueles que desmata e gera queimadas paguem, e não sejam isentos de seus erros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário