sábado, 6 de agosto de 2011

Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?

Um grande fluxo de negócios liga São Paulo à Amazônia brasileira. Do Sul seguem investimentos e mercadorias. Do Norte vêm matérias-primas, energia e outros produtos essenciais à sobrevivência da maior cidade do país. No entanto, não há dúvidas de que o modelo de exploração atualmente em marcha em um
dos mais ricos ecossistemas do mundo ameaça seriamente a sua própria sobrevivência.


Se a floresta e seus povos têm sofrido com impactos perversos ao longo das últimas décadas, a exploração não sustentável da Amazônia aumenta o lucro de empresas nacionais e estrangeiras, e alimenta o consumo desenfreado das grandes metrópoles brasileiras, principalmente a capital paulista. Nesse sentido, não há como divorciar a destruição desse rico bioma da dinâmica de funcionamento do maior centro urbano e produtivo do país.

Durante meses, os jornalistas envolvidos nesta pesquisa percorreram milhares de quilômetros pela Amazônia para verificar a situação dos impactos sociais e ambientais causados pelo avanço da agropecuária e do extrativismo sobre a floresta. Avanço que está diretamente relacionado com as demandas da maior cidade
da América do Sul. Através de um longo trabalho de investigação, foram identificados exemplos de empresas que mantiveram relações comerciais com proprietários e investidores rurais flagrados pelo poder público cometendo crimes ambientais ou se valendo do trabalho escravo. Essa cadeia de responsabilidades atinge diretamente o maior centro consumidor do país.

O principal objetivo deste estudo é munir a sociedade de informações que contribuam com a construção de processos sociais e econômicos que garantam que empresas e governos não financiem a destruição da Amazônia – seja através de investimentos, seja pela compra de insumos e matérias-primas de produtores que violaram as legislações ambiental e trabalhista, ou que atentaram contra direitos fundamentais dos povos da floresta.

Como a extensa área da Amazônia, que representa mais da metade do território brasileiro, e as dificuldades de transporte na região impedem a realização de um estudo que contemple todo a sua superfície em poucos meses, optou-se por investigar a bacia do rio Xingu e adjacências, distribuídas entre os Estados do Mato Grosso e do Pará. Nessa área, podemos encontrar os problemas que ocorrem no restante da Amazônia, o que faz dela uma amostra bastante representativa das mazelas que a região vem enfrentando.

A bacia do Xingu tem 51 milhões de hectares. Mais da metade do seu território está protegido por Terras Indígenas e Áreas de Conservação. Ela é o segundo maior corredor de biodiversidade
do país e um dos maiores do mundo. Uma região relativamente preservada, mas que nunca esteve tão ameaçada como agora. As nascentes que formam a bacia estão em locais de desmatamento
e assoreamento, o que coloca em risco todo o ecossistema da região.

A pressão imposta pelo avanço da agropecuária não apenas desmata, mas também expulsa populações tradicionais e explora trabalhadores escravos.

A pesquisa optou por direcionar seu foco para setores estratégicos no que diz respeito ao desenvolvimento da Amazônia e à sua relação com a cidade de São Paulo: pecuária bovina, extrativismo vegetal, plantio de soja e outros grãos, além do financiamento público.

É importante ressaltar que os casos aqui apresentados são apenas exemplos de um intenso comércio que atinge a todos os moradores de São Paulo. Ou seja, o objetivo desta pesquisa não é apontar
culpados, pois eles são muitos e incluem todos nós, consumidores.

Mas o estudo traz um alerta. Procura relacionar exemplos que sirvam de referência para aprofundar o conhecimento sobre o tema e, portanto, a busca de soluções.

O debate sobre o meio ambiente emerge no século 21 como uma discussão acerca da qualidade de vida, não tratando apenas de rios poluídos e derramamento de petróleo, mas também da atual idéia de progresso (alta tecnologia aliada a uma postura consumista) – que não tem conseguido fornecer respostas satisfatórias
à sociedade.

 De forma preventiva ou paliativa, é preciso mudar nosso comportamento, se ainda quisermos que a maior floresta tropical do mundo – e o próprio planeta – tenham um futuro.

Faz parte desta discussão a busca por modelos alternativos de desenvolvimento, que só serão efetivos caso contribuam com a diminuição de nosso apetite predatório por recursos naturais, e que não mantenham a população mais pobre excluída dos benefícios trazidos por sua exploração atual e futura. Infelizmente, é o que acontece nos dias de hoje, como na relação Amazônia – São Paulo.

Extraído do Conexões Sustentáveis São Paulo - Amazônia
Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?

Autores: Andre Campos,Carlos Juliano Barros e Marques Casara

Todo material  disponível para download 


Fonte: http://www.amazonia.org.br/guia/detalhes.cfm?id=288311&tipo=6&cat_id=44&subcat_id=186

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