domingo, 27 de novembro de 2011

Qual é o país do mundo que tem 69% de suas florestas preservadas e uma lei ambiental rigorosa, na qual o governo determina o que proprietários privados podem ou não fazer com a mata em suas terras?”



Código Florestal, exclusividade brasileira?






ESCRITO POR WERNEY SERAFINI




floresta-franca-werney
Área florestal na Suíça/fronteira com a França - Arquivo do autor
“Responda rápido: qual é o país do mundo que tem 69% de suas florestas preservadas e uma lei ambiental rigorosa, na qual o governo determina o que proprietários privados podem ou não fazer com a mata em suas terras?”


Essa pergunta abriu um clipping do site AmbienteBrasil e se a resposta foi o Brasil está errada, pois é a Suécia.

Uma pesquisa comparando as florestas de 11 países,  –  Alemanha, China, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Indonésia, Japão, Polônia, Reino Unido e Suécia – concluiu que o Brasil está longe de ser a nação que mais preserva legalmente suas florestas. Tampouco é o único em que a conservação é uma imposição do governo aos proprietários de terras.

O objetivo foi investigar a veracidade de antiga crença, segundo a qual o Código Florestal, tanto quanto a brasileiríssima jabuticaba, é uma exclusividade nacional. Ou seja, que leis ambientais rigorosas de proteção das florestas existem somente no Brasil.

Os interessados na mudança da legislação ambiental, notadamente alguns ruralistas, afirmam que o código florestal é uma invenção genuinamente brasileira, criada por ambientalistas radicais orientados por interesses internacionais para barrar o desenvolvimento do agronegócio e dos pequenos agricultores familiares, por extensão do Brasil. Essa seria a principal razão  para uma ampla “flexibilização” da atual legislação.

A exclusividade nacional do Código Florestal foi assunto em reunião da Campanha Amazônia do Greenpeace  dada à relevância que teve no processo de votação do projeto de lei que altera o código na Câmara Federal. Existiam especulações envolvendo a questão, porém insuficientes para concluir se o código brasileiro era ou não uma peça única de legislação florestal. 

Para sua elaboração escolheu-se o Proforest, renomada instituição inglesa e autoridade global em florestas –  afiliada da Universidade de Oxford. Também o Imazon, um dos mais respeitados centros de produção de conhecimento sobre a Amazônia brasileira, que colaborou na especificação do trabalho e revisou o relatório final.

Os resultados trazem informações importantes para a discussão das mudanças pretendidas no Código Florestal, que se encontra em análise no Senado.

Concluiu-se que o código brasileiro, ao contrário, em nada se parece com a nossa jabuticaba. Há  inúmeras outras nações com leis igualmente rígidas de proteção florestal. Leis efetivas, cumpridas, respeitadas e fiscalizadas.

O estudo, além de desmistificar a exclusividade brasileira de “protecionismo” florestal, cumpre relevante serviço ao demonstrar que “desde o século passado, é o fim do desmatamento – e não a terra arrasada – que virou sinal de desenvolvimento”.

Foram analisados três pontos: o histórico da cobertura florestal de cada país; o atual quadro legal em relação ao desmatamento e; as políticas individuais para estímulo ao reflorestamento ou melhoria dos recursos florestais existentes.

Constatou-se que todos os países escolhidos, na medida em que se desenvolveram, passaram por um processo de desmatamento seguido de ações de reflorestamento. 

Esse processo de mudança na cobertura florestal é descrito como “Transição Florestal”. 
Inicialmente a cobertura florestal é máxima. Na fase de desenvolvimento, as florestas nativas são exploradas para o fornecimento de matérias primas, ou suprimidas para dar espaço a agropecuária. Consequentemente há uma redução das áreas florestais. 

Na Europa o processo ocorreu durante um longo espaço de tempo, centenas de anos. Em outros países, como o Brasil, a mudança verificou-se rapidamente, em algumas décadas.

Posteriormente, a taxa de desmatamento diminui e a área florestal se estabiliza. Essa estabilidade é influenciada por fatores econômicos, pois quando a floresta fica escassa, o valor dos produtos florestais aumenta e na sequência o valor da própria floresta. Ela passa a valer mais em pé do que derrubada.

A diminuição das florestas também faz crescer a preocupação com a perda dos serviços ambientais por elas prestados, como a proteção do solo, da água, da recreação, da regulação do clima e principalmente da biodiversidade, característica marcante nas florestas tropicais e subtropicais, a exemplo da Mata Atlântica brasileira. Nesse momento surgem as políticas de apoio a proteção florestal. A governança e a aplicação da lei tendem a melhorar, reduzindo o desmatamento ocasionado principalmente por atividades ilegais.

Na etapa final da transição florestal é frequente o aumento da cobertura florestal muitas vezes em razão do reflorestamento das áreas degradadas. Entretanto, em muitos países o desmatamento é interrompido quando a perda florestal é expressiva obrigando investimentos em programas de reposição florestal.

Todos os países pesquisados passaram ou estão passando por esse processo de transição florestal.
Atualmente, a maioria desses países tem áreas florestais estáveis ou em ampliação, indicativo de que a tendência de perda de suas florestas foi estabilizada ou revertida.

Na análise, as razões que determinaram os motivos do sucesso de determinados países sobre outros, não foi examinado com profundidade. No entanto, há evidencias de que não se trata de simples correlação com o desenvolvimento de cada país, nem que haja uma ligação direta com o tamanho da população. Em muitos a supressão das florestas aconteceu no decorrer de vários séculos, o que dificulta analisar as razões exatas das diferentes tendências. As teorias a respeito sugerem uma combinação complexa envolvendo tempo, taxa de crescimento da população, localização das áreas florestais, surgimento de políticas de proteção,  gerenciamento das florestas e fundamentalmente dos níveis de governança.

No quadro jurídico florestal desses países predomina uma abordagem geral desfavorável ao desmatamento em terras privadas. Qualquer conversão tem que ser justificada e aprovada. Isso ocorre em áreas reduzidas, – por exemplo, até 4 hectares na França – ou em circunstancias excepcionais de  grande interesse público. O mesmo acontece em relação às florestas públicas.

Apesar das poucas possibilidades de conversão das florestas em áreas privadas, seus proprietários têm o direito de administrá-las para extração de madeira e outros produtos florestais. Em alguns, eles são obrigados a desenvolver o manejo da floresta, definindo um plano de gestão e realizando a manutenção e conservação necessária. 

A forma de exploração é variada, dependendo das condições ecológicas do local e da característica da própria floresta. A  derrubada de árvores é mais comum nas matas boreais, o corte seletivo nas temperadas e tropicais. A recomposição das áreas manejadas varia da regeneração natural ao replantio de espécies nativas.

Nos países analisados, – excetuando a Indonésia – restam poucas florestas primárias intactas, muito embora as matas atuais tenham características estruturais semelhantes às originais.

A tendência, tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, é que as áreas florestais devem ser mantidas e o quadro legal e de governança está concebido para apoiar essa manutenção.

Todos implantaram nas últimas décadas uma série de incentivos para a reabilitação de suas florestas, sejam eles fiscais, ou através de empréstimos governamentais e doações. O foco é na manutenção da biodiversidade.

ONGs e instituições filantrópicas atuam especificamente no plantio e na conservação das florestas. No Reino Unido, o National Trust, voltado a proteção do patrimônio natural e histórico, gerencia amplas áreas de florestas no país. Diversas outras instituições também participam, a exemplo da Wildlife Trust, a Woodland Trust e a Royal Society for the Protection of Birds.

Enfim, o argumento da exclusividade nacional faz lembrar um dito popular: “se a jabuticaba é pouca, a gente engole o caroço”. 


O estudo completo “Um Resumo do Status das Florestas em Países Selecionados – Nota Técnica” pode ser acessado no site Um Resumo do Status das Florestas em Países Selecionados - Nota Técnica


 Fonte:correio do litoral


Errou, se respondeu Brasil.

Os ruralistas não respeitam as leis, não pagam as multas, e agora estão alterando o código florestal sem ouvir os ambientalistas, e os cientistas sob alegação que o código florestal atual é muito rígido, essas alterações vão na contramão do que esta acontecendo tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, o estudo acima apresenta em seus quadros que até a década de 1950 houve uma devastação nas florestas nos países selecionados, e que nos ultimos 40/50 anos as áreas florestais estão sendo mantidas em sua maioria com crescimento destas áreas e o quadro legal e de governança está concebido para apoiar essa manutenção. 

Todos implantaram nas últimas décadas uma série de incentivos para a reabilitação de suas florestas, sejam eles fiscais, ou através de empréstimos governamentais e doações. O foco é na manutenção da biodiversidade.



Resumindo, os países avançaram na proteção de suas florestas, enquanto o Brasil retrocede em nome do desenvolvimento,com as alegações dos ruralistas de que precisam de terras para acabar com a fome no país e no mundo e ganhos de produtividade, esquecendo-se que áreas de florestas não apresentam características de  plantio e pasto, e, que podem utilizar-se de técnicas de multi cultivos criadas pela Embrapa, que aumenta a produtividade sem a necessidade de alterar ou desmate  nas APPs. 


De forma, nos resta concluir, que a falta de fiscalização e a má gestão do Estado na aplicabilidade do Código Florestal torna a lei ineficiente,e não a lei que é ruim.  Ruim é a falta de fiscalização, conluio de juízes, fiscais, traficantes de biomas,animais, resumindo o problema é a IMPUNIDADE e falta de aplicabilidade das leis.


Deixo algumas perguntas aos ruralistas e defensores das alterações no código florestal.


 Após alterado o código florestal, os agricultores irão respeitar o novo código florestal?  


as queimadas continuarão? os agricultores não desmatarão mais?


por que o país não cria um código agro pecuário sem a necessidade de alterar a proteção de suas florestas?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PAZ PELA PAZ, PELA FLORESTA -Linda Cantata do Nando Cordel.




É o que se o ser humano está precisando, olhar mais para dentro de si,  ter coragem de mudar, lutar pela floresta, contra corrupção de si mesmo, pela justiça, pelo AMOR.

Enquanto discutem o Código Florestal, desmatamento cresce na Amazônia Legal - por Arnaldo Jabor


Excelente comentário do Jabor sobre  a falácia que é essa alteração do Código Florestal.






A impunidade, a falta de fiscalização e a má gestão dos Governos no Brasil gera este tipo de distorção uma anomalia aonde uma lei rigida e completa por não ser aplicada torna-se um impecilio e necessita ser alterada sem um debate amplo com a sociedade, principalmente aqueles ligados a ciência(biólogos e outros). O problema não é a lei, e sim a falta de aplicação dela.

 Será que alterado o Código Florestal, aqueles que defendem mudanças irão cumpri-lo?  Irão parar de desmatar? irão repor as áreas devastadas?

Enquanto o Congresso Nacional discutia o projeto do novo Código Florestal brasileiro, o desmatamento avançou na Amazônia Legal.

MT registra aumento de 70% de desmatamento em relação a 2010.




Enquanto o Congresso Nacional discutia o projeto do novo Código Florestal brasileiro, o desmatamento avançou na Amazônia Legal. Mato Grosso registrou um aumento de 70% em relação a 2010, segundo dados do Sistema de Alerta do Inpe. A situação preocupa autoridades e ambientalistas.
Em uma propriedade na região de Nova Ubiratã, norte de Mato Grosso, milhares de árvores foram derrubadas. A terra pertence a um fazendeiro acusado de desmatar ilegalmente mais cinco áreas, que somam seis mil hectares. Ele já foi multado pelo Ibama em R$ 20 milhões.

Durante um sobrevoo, integrantes do Greenpeace constataram que a devastação se repete em outras regiões do estado. Segundo os ativistas, os infratores não pouparam nem as nascentes e margens dos rios, áreas de preservação permanente.

Em algumas propriedades, a faixa de floresta que deveria ser mantida como reserva legal desapareceu. Os ambientalistas dizem que o desmatamento acelerou nos últimos meses, durante as discussões do novo Código Florestal.

"Desmatamentos desse tamanho a gente já não via há muito tempo na Amazônia. Eles voltam a acontecer provavelmente por causa a produção agrícola", diz Tatiane Carvalho, do Greenpeace Brasil.

Nos enormes desmatamentos em Mato Grosso, os infratores passaram a usar uma técnica que já estava abandonada: o correntão, uma corrente muito pesada que é amarrada entre dois tratores que entram na floresta e derrubam tudo que tem pela frente.

Segundo o Inpe, Mato Grosso lidera a lista dos estados que mais desmataram de janeiro a setembro deste ano.

"Hoje, é praticamente impossível fazer uma derrubada sem que isso seja descoberto pelos satélites. O Inpe está trabalhando nisso e repassando para o Ibama", diz Evandro Carlos Selva, gerente-executivo do Ibama.

O Ibama passou a recolher tratores e caminhões encontrados nas propriedades para evitar que a ação ilegal seja retomada longe dos olhos da fiscalização.
Crédito: G1 com Jornal Nacional

fonte: W1TV 10 MINUTES
http://www.w1tv.com.br


Quando defendemos a aplicação da lei e não as alterações no Código Florestal, vem os defensores dos  desmatadores, nos agredir e pedir para comer florestas, e, ser culpados pela fome no mundo.
Fome infelizmente sempre teve na história da humanidade. O problema não é o Código Florestal e sim a falta de fiscalização, conluio de juízes, fiscais, traficantes de biomas,animais, resumindo o problema é a IMPUNIDADE e falta de aplicabilidade das leis.

Código Florestal reduz o tamanho da área devastada a ser recuperada

As APPs são locais frágeis à beira de rios, topos de morros e encostas, que devem ter a vegetação original protegida porque são fundamentais para a produção de água e controle da erosão do solo.






Código Florestal mantém divergência sobre área a ser recuperada.


O projeto foi aprovado nesta quarta (23) na Comissão de Meio Ambiente do Senado e deverá entrar em votação no plenário na semana que vem.
O projeto do novo Código Florestal, aprovado nesta quarta-feira (23) na Comissão de Meio Ambiente do Senado, deverá entrar em votação no plenário na semana que vem. Mas ainda há divergências sobre o tamanho da área desmatada a ser recuperada.

O projeto do Código Florestal mantém as regras atuais para a Reserva Legal, área de mata nativa que não pode ser derrubada nos imóveis rurais, e que corresponde a 80% da Região Amazônica, 35% do Cerrado e 20% das demais áreas do país. E não mexe no tamanho das APPs, Áreas de Preservação Permanente, locais frágeis à beira de rios, topos de morros e encostas.

Mas o texto aprovado reduz o tamanho da área a ser recuperadas pelos produtores rurais que desmataram até julho de2008. Eles terão que recompor de 15 a 100 metros de mata à beira dos rios para se livrar da multa ambiental. A área de APP nos rios vai de 30 a 500 metros. Pequenos e médios agricultores ficaram livres de recuperar boa parte da reserva legal desmatada.

Ambientalistas fizeram manifestação no Senado contra a proposta. O presidente da Comissão do Meio Ambiente comemorou a aprovação. "Os radicais foram afastados de lado a lado. Temos um código equilibrado que representa a opinião média dos brasileiros", disse o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) elogiou o relatório do senador Jorge Viana. Mas pede avanços. "É um texto, insisto, que relativiza as áreas de preservação permanente, que mantém anistia a quem cometeu crime".

O relator do código diz que se trata de um programa de recuperação, e não de anistia. "Ter apenas 1% ou 0,5% das multas pagas no país hoje é uma demonstração da ineficiência da lei. O Brasil será o país que terá um dos mais bonitos programas de recomposição ambiental do planeta", afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC).

A previsão é de que o projeto do novo Código Florestal seja votado no plenário do Senado na semana que vem. Depois, ele segue para a Câmara. O governo federal espera que o código esteja aprovado antes do recesso parlamentar de dezembro.
Crédito: G1 com Jornal Nacional

W1TV 10 MINUTES
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A impunidade, a falta de fiscalização e a má gestão dos Governos no Brasil gera este tipo de distorção uma anomalia aonde uma lei rigida e completa por não ser aplicada torna-se um impecilio e necessita ser alterada sem um debate amplo com a sociedade, principalmente aqueles ligados a ciência(biólogos e outros). O problema não é a lei, e sim a falta de aplicação dela. Será que alterado o Código Florestal, aqueles que defendem mudanças irão cumpri-lo?  Irão parar de desmatar? irão repor as áreas devastadas?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Crescimento sim, mas não a qualquer preço


Conforme determina o artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se assim aos setores público e privado o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Portanto, a sociedade como um todo e o Poder Público tem o dever de conservar o meio ambiente a fim de que no futuro a humanidade tenha qualidade de vida.

Trata-se de obrigação de fazer, agir no sentido de proteger, preservar, e também de não fazer, o que significa não degradar.
Constata-se que ao Poder Público, além das obrigações de fazer e não fazer está a de fiscalização de seus próprios atos e dos atos dos particulares a fim de que o meio ambiente, bem difuso, de uso comum do povo sirva às presentes e futuras gerações.
Destaca-se que no bojo do artigo em comento verifica-se o princípio da vedação ao retrocesso ambiental no tempo e no espaço, isso porque todas as conquistas ambientais efetivadas ao longo de anos se deram em razão da legislação eminentemente protetiva.
Não se pode admitir que as novas leis violem a proteção ambiental conquistada, sob pena da  inconstitucionalidade. Todavia,  não significa criar uma legislação com fins de estagnar o progresso, eis que se trata de algo que se encontra na esfera do impossível, mas  sim privilegiar o desenvolvimento com sustentabilidade e preservação do meio ambiente, criando-se inclusive mecanismos de incentivos à preservação.
Os diferentes setores da economia – indústria, comércio, agricultura, pecuária -  são responsáveis pela produção de alimentos, pelo PIB, pela geração de empregos. Nada disso se questiona. Avultam  os abusos contra o meio ambiente com falso sustentáculo de que os recursos naturais são inesgotáveis. E aqui não se combate produção, comércio, indústria, desenvolvimento em sentido lato, mas se investe contra a supressão de áreas de preservação permanente que põe em risco a vida dos rios e nascentes, o uso indiscriminado do solo, a violação das regras de utilização dos agrotóxicos, a poluição das águas e do ar e emissão de poluentes.
Necessário se faz ter em vista a sustentabilidade, o que significa afirmar que o desenvolvimento é consequencia da evolução da sociedade, ou seja, não há, como pretendem alguns, desenvolvimento zero. Por outro lado, alargamento da produção agrícola, industrial, pecuária há de se dar com proteção ambiental, preservação dos recursos naturais, salvaguarda dos recursos hídricos.
O sistema positivista brasileiro no que se refere à regulamentação da vida em sociedade propulsiona a criação de leis para regular situações novas e modificar as antigas, tendo em mira o interesse público.
Em matéria ambiental, atualmente é discutido o Novo Código Florestal, alvo de críticas e discursos acalorados. De um lado, há os setores sócias que criticam veementemente a nova lei que oferece menos proteção, e de outro os que pretendem,  vantagens em prol do desenvolvimento.
A matéria é extremamente delicada e difícil de ser conciliada pelos setores interessados: uns querem muito em prol do meio ambiente, embora quanto mais proteção, mais garantia de vida, outros pretendem a mínima proteção com fundamento no desenvolvimento. Ao que parece, são dois extremos que precisam de consenso em prol da qualidade de vida.
Assim, em prol da sustentabilidade, no momento em que se discute o Novo Código Florestal, conforme afirmou Bráulio Ferreira Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente,  imprescindível que haja incentivos econômicos para manutenção da floresta em pé, bem como mecanismos para recuperação das áreas que foram degradadas.  Segundo ele, “seria injusto estabelecer mecanismos apenas para estimular a recuperação. Temos que estimular também todos aqueles que mantêm as florestas”.
Especialmente para o Mato Grosso que cresce pelo progresso dos três setores – indústria, comércio, agropecuária – sustentabilidade deve ser palavra de ordem, a fim de que o desenvolvimento esteja de acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, com as leis que regulamentam o uso dos agrotóxicos e do solo, e os resíduos sólidos,  com o Código Florestal, com a Política Nacional do Meio Ambiente, cujo objeto é a ampla proteção dos recursos naturais utilizados por todos os setores do desenvolvimento, pela sociedade em geral.
Diante disso, conclui-se então que, embora não haja conceito definido acerca de desenvolvimento sustentável, certo é que resta suplantada a visão romântica de que a natureza é intocável. O Brasil precisa gerar riquezas para enfrentar os desafios da evolução da sociedade, sob pena de inviabilizar o enfrentamento do crescimento populacional e o abastecimento alimentar.
Crescimento sim, mas não a qualquer preço; crescer sim, porém de maneira planejada e sustentável, com vistas a compatibilizar desenvolvimento e preservação do meio ambiente.

(*) Claire Inês é especialista em direito agroambiental pela UFMT, advogada militante nas áreas cível e agroambiental; professora de Direito Ambiental e Civil

Para entidades, mudanças no Código Florestal são boas só para quem desmatou


Apesar de mudanças positivas no relatório do senador Jorge Viana (PT-AC), pontos essenciais não foram alterados
Publicado em 22/11/2011, 17:45
Para entidades, mudanças no Código Florestal são boas só para quem desmatou
Anistia a crimes ambientais, se confirmada, será um dos destaques negativos da revisão da legislação (Foto: Divulgação/ DNIT/ Pugás / Ministério do Planejamento)
São Paulo – As últimas mudanças feitas no projeto que modifica o Código Florestal brasileiro, lidas na segunda-feira (21) pelo senador Jorge Viana (PT-AC), relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente (CMA), são favoráveis apenas para proprietários rurais que já desmataram parte de suas áreas. Em artigo divulgado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, poucas mudanças positivas foram feitas, porém, sem alterar pontos essenciais da legislação ambiental proposta.

A anistia a crimes ambientais, permitindo a não recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de reserva legal desmatadas sem respaldo da legislação, foi um dos destaques negativos listados no artigo. No texto, poucos serão os casos em que as APPs ou reservas legais (RL) desmatadas terão de ser recuperadas. Por exemplo, as matas ciliares que foram ilegalmente suprimidas até 2008 serão restauradas em uma faixa de apenas 15 metros, enquanto aqueles que não desmataram terão de manter pelo menos 30 metros, representando uma condição favorável somente aos desmatadores.

"A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a própria Agência Nacional de Águas (ANA) foram veementes ao expressar que não faz sentido exigir uma recuperação menor do que 30 metros. Para rios maiores, o texto estabelece APPs com pelo menos a metade da largura do curso de água, com no mínimo 30 metros e no máximo 100 metros. Hoje, a legislação prevê APPs de até 500 metros", diz o texto assinado por mais de 30 entidades.
De acordo com o texto, outro grave problema do substitutivo é a isenção de recuperação de reserva legal em propriedades de até quatro módulos fiscais, área que, em algumas regiões do país, pode ser superior a 400 hectares. A demanda para que essa regra fosse aplicada apenas aos agricultores familiares foi ignorada. Pela norma apresentada, mesmo que um proprietário tenha vários imóveis menores de quatro módulos, poderá se beneficiar da medida, não precisando recuperar a reserva legal em nenhum deles.
É possível concluir, segundo as entidades, que o texto em discussão no Senado, que também prevê a soma das APPs no cálculo da área de reserva legal e a eventual recomposição de até 50% das RLs com espécies exóticas, praticamente vai eliminar as possibilidades de recuperação de reservas legais irregularmente desmatadas. "Isso atende integralmente às demandas da bancada ruralista, que sempre defendeu a extinção da reserva legal, alegando se tratar de impedimento ao uso de 100% da propriedade em atividades agropecuárias", critica o texto.

Pontos positivos

Segundo o texto assinado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, entre os pontos positivos estão a definição de um prazo máximo durante o qual os proprietários não poderão ser multados pelos desmatamentos ocorridos até 2008 - antes este prazo estava indefinido - e a determinação de procedimentos mais simples para autorização de desmatamento, cadastramento rural e registro de reserva legal para agricultores familiares, que também terão mais facilidade para fazer aproveitamento econômico das áreas protegidas de seu imóvel.

Prazo curto

As correções no texto que propõe o novo Código Florestal, segundo as entidades, precisam ser feitas na Comissão de Meio Ambiente, pois as possibilidades de alterações durante a votação em plenário são mínimas. "Se os ajustes, sugeridos ao relator por meio de emendas, não forem incorporados, restará somente a pressão sobre a presidenta Dilma Rousseff para que cumpra o compromisso assumido durante as eleições de 2010 e vete os dispositivos que anistiem desmatamentos ilegais ou reduzam áreas protegidas", finaliza o texto.

O Congresso brasileiro é incompetente em tudo, não escuta a sociedade, e, tampouco as entidades da ciencia como Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ,Agência Nacional de Águas (ANA) e outras. Estes irresponsáveis só destroem o Brasil juntamente com governos corruptos que não defendem a natureza, apenas querem destruir e criar novos estados para eleger os ladrões comparsas.

sábado, 19 de novembro de 2011

Código Florestal trará retrocesso ,segundo ex- Ministro do Meio Ambiente do Gov Itamar Franco


"Não espero grande coisa porque acho que a correlação de forças é adversa e o processo começou mal", diz Rubens Ricupero. "Árvore que nasce torta, depois é difícil de corrigir." A previsão pessimista do ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda do governo Itamar Franco está relacionada ao projeto do novo Código Florestal, na reta final de tramitação no Senado. "Agora vai ser um exercício de contenção de danos, de verificar quais as perdas e ver como corrigir."
"O Brasil perde, seguramente", prossegue Ricupero, se o novo Código Florestal continuar muito parecido ao projeto que foi votado na Câmara e que tinha o deputado Aldo Rebelo como relator. "A agricultura poderá ter que fazer muito esforço para não ter uma imagem muito negativa internacionalmente." Commodities, lembra, são negócio volátil. Embora no momento, com a demanda chinesa, o setor não esteja tendo problemas, isso pode mudar e a situação ficar adversa. "Se no exterior existir a percepção que o Brasil destrói floresta para plantar soja ou carne, o futuro pode trazer problemas gravíssimos". Continua: "agricultores irlandeses, franceses e americanos não vão deixar de usar esse argumento contra o Brasil. Isso é problema real, não é imaginário. Temos grandes competidores nessa área, não estamos sozinhos."
No seu entendimento, "o que houve na Câmara foi um retrocesso em relação à legislação ambiental brasileira". O embaixador Ricupero, hoje diretor da faculdade de Economia e Relações Internacionais da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) falou ontem na abertura do seminário "Código Florestal: Proteção Ambiental e Produção Agrícola" promovido pelo Valor. "O Código Florestal estava longe de ser ideal. Mas essa lei, ao invés de melhorias, acrescenta outros defeitos." Ele não tem expectativas com o trâmite no Senado, depois do relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) -"que praticamente endossou o texto da Câmara"- e do próximo passo, o relatório do senador Jorge Viana (PT-AC) - "que provavelmente terá tentado tudo o que podia", diz. "Mas em politica o que vigora é o que Stálin chamava de correlação de forças. E a correlação de forças é adversa a um avanço esclarecido nessa área, tanto na Câmara como no Senado. O que se pode conseguir agora é a partir de uma posição de fraqueza."
Arnaldo Carneiro Filho, diretor de Programa da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SAE), da Presidência da República tem avaliação similar sobre o projeto de lei que saiu da Câmara. "O Código de Aldo nos leva a perdas", disse em sua palestra. "Nos coloca em uma sinuca de bico, onde temos que defender um Código que não nos servia mais." A proposta que saiu da Câmara, analisa, "tem um olhar nostálgico e antigo da realidade agrária e florestal do Brasil".
Ele diz acreditar em uma terceira via. A proposta deveria olhar o futuro e trabalhar para tornar a pecuária brasileira mais eficiente, diminuir a pressão nos remanescentes florestais, incluir a questão dos aquíferos e a perda da biodiversidade, a recuperação dos passivos e a prestação de serviços ambientais. "Temos que ter um código menos normativo e mais pró-ativo, em que o agricultor não seja mais o vilão da história e veja no código oportunidades de negócios", defendeu. "Hoje a oportunidade do Brasil é a floresta."
"O debate do Código não consegue avançar, ficou em uma discussão de punição", constatou João Sampaio, ex-secretário da Agricultura de São Paulo. Ele diz que o debate deveria separar "o gigante do produtor rural", lembrando que propriedades com 63 hectares são o padrão brasileiro. E citou o caso do rebanho paulista, que há dez anos tem 12 milhões de cabeças de gado em área que, no período, foi reduzida em 2 milhões de hectares. "Ganhamos eficiência. Há boas notícias acontecendo."
Para Ana Cristina Barros, da TNC, uma ONG com 23 anos de Brasil, o fortalecimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) deveria ser o foco da discussão. "Assim é que se conhece o CPF do cidadão que mantém floresta e também aquele que a desmata."



Nota Seca Código Florestal 17 11 2011




 O Brasil perderá seguramente alterando o código florestal da forma que foi aprovado na Câmara e como está sendo tratado no Senado seguindo o mesmo modelo aprovado na Câmara, é preciso ouvir os cientistas e adequar as considerações da SBPC e ABC, não somos contra o agrobusiness, porém não podemos simplesmente apoiar aquilo que trará aumento do desmatamento, é preciso criar mecanismos,regulamentação para o setor agro pecuário, as áreas de floretas não servem para á agricultura, está mais do que provado ou queremos criar um novo Nordeste no pais? É possível ser sustentável sem destruir as matas e seus biomas.