quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Novo Código Florestal, um verdadeiro complicador!


O réquiem final! Caos ambiental total! O canto dos cisnes!




Será que ainda lembramos dos deslizamentos de encostas e topos de morros no Estado do Rio de Janeiro ?  E as hecatombes constantes em muitas outras áreas frágeis em diversos Estados do Brasil?

Como esquecer as danosas enchentes em cursos fluviais completamente assoreados? O brasileiro possui memória curtíssima, entretanto aqueles diretamente atingidos pelas consequências das fatídicas trombas d’água, até hoje ainda choram por milhares  e milhares de vítimas fatais!


A maioria, como era de se esperar ainda não recebeu o devido ressarcimento por suas incomensuráveis perdas. Muitas vezes tais recursos são normalmente e irresponsavelmente extraviados pelos longos propinodutos de prefeituras e intermediários insensíveis e corruptos, alheados de quaisquer sentimentos de piedade e civismo.
O Instituto das Reservas Legais, bem como as Áreas de Preservação Permanentes (APPs), outrora duramente conquistados, correm sérios riscos de vir a falecer através do advento do novo Código Florestal, onde o mesmo pretende também anistiar produtores rurais, desmatadores e burladores do pouco de ética ainda existente no atual código, na verdade ainda carente de muitas salvaguardas revitalizadoras, tais como, ressarcimentos a proprietários que tenham em suas propriedades rurais, áreas voltadas à produção e proteção de mananciais aquosos, que poderiam contribuir sobremaneira para a maior oferta e disponibilidade de água potável de boa qualidade; bem como os resguardadores de florestas nativas, merecedores naturais do crédito carbono, no sentido de aliviar a grande carga de  emissão de CO2 lançado na atmosfera, vilão responsável pelos danosos aquecimento global, efeito estufa e a séria destruição da camada de ozônio, derretimento dos pólos, além dos graves fenômenos climáticos que pipocam sem dó por todo nosso sofrido Brasil.

Até pouco tempo atrás, a consci- ência ambiental praticamente não existia aqui em terra tupiniquim. Eu mesmo, trabalhando como geólogo de campo no Amapá, selva amazônica, mais especificamente em Serra do Navio, maior mina de manganês do Brasil, no afã de viabilizar economicamente uma jazida qualquer, não atentávamos a nenhum critério técnico-ambiental, no intuito de se promover uma nobre destinação principalmente dos despojos florestais inconsequentemente defenestrados da floresta-mãe, sem dó e nem piedade.
Um sem numero de árvores nobres eram sacrificadas, e viravam carvão, tudo em nome da extração do minério de manganês, praticando-se ali um verdadeiro e completo genocídio da mata nativa. Desconhecíamos  naquela época (35 anos atrás), o que viria a ser preservação ambiental ordenada e racional.  Tudo isso, a fim de obter-se um rendimento ínfimo em função da degradação praticada.  Uma só frente de lavra renderia não mais que 10 a 20 vagões de minério. Um buraco sem conta, e com pouco retorno.
 Hoje, ao contabilizarmos o preço dessa madeira desperdiçada, calcula-se que estes produtos vegetais nobres na verdade representavam-se bem mais valiosos que os vagões de minério de manganês ali lavrados.  
Obtive a noção do custo-benefício só quando, já na mesma região amazônica, passei a compor a equipe do Projeto RadamBrasil, alguns anos mais tarde; ações operacionais que vieram dignificar e materializar sobremaneira os levantamentos sistêmicos  mais abrangentes em todo o País, promovendo estratégias de trabalhos de campo, laboratório e gabinete, através de uma competente e treinada equipe multidisciplinar, detentora da fundamentação do início dos zoneamentos básicos no Brasil.
Hoje, a região acima explicitada ainda é um só buraco, e os custos com sua total recuperação são também infinitamentes superiores ao minério extraído.
Vejam só a incongruência de não se atentar à verdadeira contabilidade ambiental! Quanto vale a degeneração desenfreada causada por uma erosão carreadora dos nossos solos férteis? Quanto vale uma imensa cratera, associada a desequilíbrios ambientais diversos, de onde resulta a proliferação de insetos, bactérias maléficas e os vírus transmissores da dengue, tifo, hepatite, malária e febre amarela, sendo também criatórios dos mais diversos vetores nocivos à saúde humana?
Quanto vale o assoreamento, por exemplo dos rios Araguaia e Tocantins, além das nossas principais artérias aquosas? Quanto vale o rebaixamento dos nossos sofridos lençois freáticos e subfreáticos, como também o desaparecimento dos mananciais, saciadores da nossa sede infinita? Quanto valem os prejuízos advindos dos despojos causados por infindáveis e desnecessárias queimadas, como também as consequências fatais dos desmatamentos criminosos e insanos?  É pura burrice tirar floresta no intuito de só plantar capim! O nosso Cerrado, hoje na UTI, jaz sob a forma de carvão;  transformou-se em ferro gusa, telha e tijolos, comumente transportados em carrocerias de caminhões e carretas para Minas Gerais, onde o Código Florestal de lá permite a reposição da floresta nativa de cá, deixando em Goiás só o passivo ambiental e a degradação de toda ordem, desmatam aqui e repõem lá! Hoje, felizmente, a legislação ambiental do Estado de Goiás, já não permite mais oficialmente essa louca idiossincrasia, este verdadeiro absurdo destruidor das nossas matas ciliares e do nosso Cerrado outrora exuberante, quando era o mesmo, constituído ainda por uma flora nativa riquíssima em espécimes medicinais, retratada em prosa e verso por uma fauna e flora abundantes ! Quanto vale também a nossa biodiversidade, já moribunda?    A falência do ser vivo!  O homem não é passageiro único da nave mãe, sem seus companheiros viventes de toda ordem, estará também fadado à extinção, pois morrerá de tédio e solidão (captei, não sei de onde).
Em priscas eras, mais precisamente em 1855, foi abordado e relatado em carta-resposta pelo cacique Seattle, da tribo indígena dos Duvanish uma resposta ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Piercs; esta negativa foi fomulada em relação à pretensão dos Estados Unidos, em adquirir as férteis terras indígenas a qualquer preço. Este documento resposta foi na verdade, o primeiro tratado ambiental do mundo !
A exploração agrícola indevida, a devastação causada principalmente pelo poder degradante das hidroelétricas, associado ainda ao avanço acelerado da industrialização sem sustentabilidade, os garimpos, os extratores de areia e argila, sempre desprovidos de licença ambiental; aliados às minerações inconsequentes e aleatórias, revestem-se sobretudo em atividades inconsequentes e desastrosas, muitas vezes, aceleradamente ao avançarem sobre o ecossistema, carregam em seu bojo, níveis de destruição incomensuráveis e sem igual, demonstrando daqui a pouco tempo, a necessidade de juntarmos na verdade quatro planetas a fim de suportar esta nefasta carga e demanda por recursos ambientais, cada vez mais necessários a suprir nossa louca materialidade, desenfreada e inconsequente. 
É por isso que o novo Código Florestal deveria primordialmente ser viabilizado com a intenção de sustentar e reforçar nossas vertentes ambientais,  e não contrariamente para maximizar consequências nefastas e agressivas à uma vida que se torna cada vez mais artificial! Bem lembrado pelo frei Leonardo Boff em seu artigo publicado no Opinião Pública de 26/10/2011, onde: “Todos os esforços serão embalde, se a Rio + 20 de 2012 se limitar à discussão apenas de medidas práticas para mitigar o aquecimento global, sem discutir outros princípios e valores”. Dentre os princípios alinhados, destacou que o cuidado é o mesmo que compaixão; o respeito, nada mais, nada menos que a convivência pacífica; a responsabilidade, relativo a cuidar da qualidade das relações com os seme- lhantes e com a natureza, e por fim, o quarto princípio é a cooperação que por si só já diz tudo. 

Quanto às virtudes, Leonardo Boff, destacou a hospitalidade, a convivência com os diferentes, a tolerância  e a comensalidade, acesso solidário e suficiente de todos os seres viventes, aos meios de vida e à seguridade alimentar. Sem tais princípios e virtudes, continuaremos cavando a derrocada final, como já aconteceu em situações e vidas passadas! Réquiem final e canto dos cisnes ! 

(João José de Sousa Jr, geólogo aposentado do Radam Brasil/IBGE; ex-diretor da Metago e Femago; ex geólogo da Icomi no Amapá; ex-professor da UFMG e assessor técnico do Sinpetro – D.F. –  jjsjconsultoria@hotmail.com)




fonte:http://www.dm.com.br/#!/326340

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Alem de nao entender de código florestal, li um artigo seu falando de preopinagem na licenças ambientais pela semarh. Quem diria eim, um cara que fez rolo com nota fria e etc.... na metago flat disso. Nao vou nem falar da sua passagem na femago pq nao estava presente, mas c tu foi mandado embora foi de certo pelo mesmo motivo da metago. Antes de falar olhe para vc duas vezes antes. Que tal um artigo falando das suas coisas legais, isso c tiver . Grande abraço

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  2. Segue ai mais um ótimo artigo relacionado ao Novo Código Florestal do Geólogo João José.
    http://www.dmdigital.com.br/novo/#!/view?e=20111119&p=20

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  3. Geólogo João José, eu que te agradeço por seu trabalho, infelizmente os políticos brasileiros não tem interesse pelo país, principalmente pelo meio ambiente, eles confundem código florestal com politica agro pecuária,e, querem fazer do código florestal o bode expiatório pelos erros dos maus elementos que não respeitam a lei, a ineficácia dos Governos e orgãos de fiscalização infelizmente tornou o código florestal inócuo pela incompetência do Estado. Nas ultimas postagens que fiz, lancei algumas perguntas, dê uma olhada. Abraços.

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  4. Geólogo João Josém por favo me envie os artigos o Novo Código Florestal -Desenvolvimento Sustentável -só nos resta o plenário e o Código Florestal 3, para que eu possa postar lá no Meio Ambiente e Cidadania, se houver interesse favor enviar para maher@bol.com.br

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